Às 5:50 da manhã de quinta-feira, horário de Moscou, o presidente russo Vladimir Putin iniciou uma “operação militar especial” na Ucrânia.

Foram reportadas explosões em partes da Ucrânia por volta das 5 horas da manhã, horário local, inclusive na capital Kiev, na cidade oriental de Kharkov e em outras partes do país. O Ministério das Relações Exteriores ucraniano alegou que as bases militares em Kiev e Kharkov estavam sujeitas a ataques de mísseis.

O governo ucraniano também alegou que as tropas russas haviam desembarcado em Odessa e estavam cruzando a fronteira em Kharkov. Contradizendo esta informação, a CNN reportou que nenhuma força terrestre havia sido avistada. Nas redes sociais, foram compartilhadas filmagens mostrando carros correndo nas rodovias para fugir de Kiev.

O Ministério da Defesa russo negou que as cidades ucranianas tivessem sido sujeitas a qualquer ataque de mísseis e insistiu que somente infraestrutura militar estava sendo mirada. O governo ucraniano de Volodymyr Zelensky proclamou a lei marcial, sem especificar que restrições estariam em vigor.

O governo ucraniano já declarou um estado de emergência que entra em vigor na quinta-feira. Ele envolve a proibição de greves, manifestações e produção e disseminação de informações “desestabilizadoras” na mídia, bem como restrições não especificadas ao uso das redes sociais.

A Rússia fechou o espaço aéreo sobre a Ucrânia oriental e as regiões russas de fronteira. O aeroporto de Rostov do Don, a principal cidade russa próxima à fronteira com a Ucrânia, foi totalmente fechado. O governo ucraniano havia fechado anteriormente vários aeroportos internacionais no leste da Ucrânia, inclusive em Kharkov (Kharkiv), Dnepr, Zaporozhe e Kherson. Agora fechou totalmente seu espaço aéreo.

O presidente dos EUA Joe Biden, que falou com Zelensky na noite de quarta-feira, horário dos EUA, denunciou a mobilização das tropas russas como uma “guerra premeditada que trará uma perda catastrófica de vidas e sofrimento humano”. Ele proferirá hoje um discurso nacional.

A Rússia iniciou sua operação militar após os líderes separatistas das chamadas “Repúblicas Populares” de Donetsk e Lugansk (Luhansk) (DNR e LNR) no leste da Ucrânia terem demandado ao Kremlin apoio militar. Putin havia reconhecido a independência dos enclaves separatistas na segunda-feira.

O canal de televisão estatal russo Rossiya 24 informou na quarta-feira à noite que as forças armadas ucranianas haviam atravessado a fronteira da LNR e lançado um bombardeio à cidade de Nikolaevka (Mykolaivka).

A DNR e a LNR foram proclamadas pelos separatistas pró-russos em 2014, depois que uma guerra civil eclodiu na sequência do golpe de extrema-direita apoiado pelos EUA em Kiev que depôs um governo pró-russo.

Em seu discurso no início da manhã de quinta-feira, Putin denunciou a expansão da OTAN para a Europa Oriental e as guerras dos EUA no Oriente Médio e na Iugoslávia e ameaçou: “Qualquer um que tente interferir sobre nós, ou pior, criar ameaças para nosso país e nosso povo, deve saber que a resposta da Rússia será imediata e o levará a consequências sem precedentes na história”.

Ele disse que a Rússia não pretendia “ocupar” a Ucrânia, mas apenas “desmilitarizá-la” e “desnazificá-la”.

A bolsa de valores de Moscou fechou suas operações na quinta-feira, após o índice ter caído 11% no início da manhã. O rublo começou um rápido colapso.

Mais atualizações a seguir