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Perspectivas

Os 25 anos do World Socialist Web Site

Publicado originalmente em 13 de fevereiro de 2023

Em 14 de fevereiro de 1998, vinte e cinco anos atrás, o Comitê Internacional da Quarta Internacional iniciou a publicação do World Socialist Web Site (WSWS). Em seu primeiro ano, o WSWS era publicado cinco dias por semana. A partir de março de 1999, o WSWS adicionou um sexto dia de publicação semanal. Desde sua inauguração, nenhum dia programado de publicação foi perdido. O número de artigos publicados no site, somente em inglês, é de aproximadamente 100 mil. O WSWS também é publicado em 29 idiomas. Se os artigos em todos esses idiomas fossem somados, o total de artigos publicados aumentaria em várias dezenas de milhares.

O WSWS é de longe a publicação marxista-socialista online mais lida no mundo. Apesar dos esforços insistentes e bem documentados do Google e outras grandes empresas de motores de busca para impedir o acesso ao WSWS, o site registra cerca de 70 mil visualizações diárias. O total de páginas do WSWS vistas em 2022 foi exatamente 25.995.248. No primeiro mês deste ano, o WSWS registrou 1.882.673 visualizações.

O público do WSWS é internacional. Cerca de 40% de seus leitores vivem fora dos Estados Unidos. O seu público é distribuído em todas as faixas etárias. Mais de 17% dos leitores do WSWS possuem entre 18 e 24 anos de idade. Ou seja, nasceram após a criação do WSWS. Cerca de 26,5% possuem entre 25 e 34 anos. Aqueles dentro dessa faixa etária puderam acessar o WSWS durante toda a sua vida adulta. Quase 18% possuem de 35 a 44 anos. Quase 15% entre 45 e 54, e 13% possuem entre 55 e 64 anos. Por fim, 10,5% dos leitores possuem mais de 65 anos.

O grande volume de publicações no site, e o tamanho e abrangência de seu público, são uma conquista extraordinária. Porém, o que celebramos hoje é muito mais do que esses aspectos quantificáveis do WSWS. O World Socialist Web Site está entre as mais importantes publicações da história do movimento socialista mundial. Os 25 anos de sua publicação são nada menos do que o registro da resposta do movimento marxista-socialista-trotskista internacional aos principais acontecimentos, tendências e processos políticos, socioeconômicos, culturais e intelectuais dos anos finais do século 20 e décadas iniciais do século 21.

Em uma declaração publicada na criação do WSWS, o conselho editorial definiu os princípios e o objetivo da nova publicação, que surgia em um meio de comunicação muito novo. Foi explicado:

Conforme os grandes acontecimentos, de crises financeiras a erupções de militarismo e guerras, abalarem as atuais relações de classes, o WSWS dará direção política às crescentes fileiras de trabalhadores levados à luta. Nós antecipamos enormes batalhas em todos os países contra o desemprego, baixos salários, políticas de austeridade e violações dos direitos democráticos. Entretanto, o WSWS insiste que o sucesso dessas lutas é inseparável do aumento da influência de um movimento político socialista guiado por uma visão de mundo marxista.

Assim, o WSWS irá lutar por uma cobertura enciclopédica de conhecimento histórico, crítica cultural, esclarecimento científico e estratégia revolucionária. O seu objetivo é elevar o nível do discurso político e cultural, que é indispensável ao renascimento de um movimento dos trabalhadores socialista moderno.

O WSWS permaneceu fiel à perspectiva que apresentou há 25 anos.

Todos os turbulentos acontecimentos dos últimos 25 anos foram noticiados e submetidos à análise marxista pelo WSWS: as brutais “guerras sem-fim” do imperialismo americano, as crises econômicas de Wall Street, a evolução da luta de classes global, o colapso da democracia, o ressurgimento de movimentos fascistoides, levantes revolucionários, violência contrarrevolucionária, desastres naturais e ecológicos fomentados pela busca destrutiva do lucro e descaso com a infraestrutura social, a catastrófica pandemia.

O WSWS acompanhou as condições da classe trabalhadora e expôs o nível grotesco e resultados devastadores da desigualdade social nos mais avançados e nos menos desenvolvidos países capitalistas.

O arquivo do World Socialist Web Site mostra não apenas o alcance de sua cobertura, mas sua profundidade de análise e clarividência. O seu trabalho confirma o papel essencial do marxismo como ciência da perspectiva política. A resposta do WSWS aos grandes eventos dos últimos 25 anos resistiu ao teste do tempo.

Mesmo analisando eventos diários no calor do momento, o WSWS não negligenciou sua responsabilidade de defender o marxismo das várias formas de ideologia burguesa promovidas nas universidades – em particular, a fraudulenta caricatura do marxismo pela Escola de Frankfurt e o irracionalismo pós-moderno – e de denunciar suas expressões na reacionária e egocêntrica política identitária da pseudoesquerda pequeno-burguesa, contrária à luta da classe trabalhadora pelo socialismo.

Um ponto central do trabalho teórico do WSWS e do seu compromisso com o avanço da consciência política e social de classe trabalhadora foi sua atenção à crítica cultural, um esforço que se expressou em milhares de críticas de filmes e obras em outros meios artísticos, bem como a produção contínua de comentários sociais. O WSWS travou uma luta intransigente contra os esforços incansáveis da classe dominante e seus cúmplices na mídia e na indústria do entretenimento para degradar a cultura, promover e glorificar o atraso, e, assim, minar a sensibilidade da classe trabalhadora à violência, opressão e exploração generalizadas e às injustiças do sistema capitalista.

O WSWS também travou uma guerra contra a falsificação da história, que a classe dominante usa para deslegitimar as grandes revoluções democrático-burguesas e socialistas do passado, e, assim, privar a classe trabalhadora dos meios para localizar suas lutas atuais na trajetória histórica do movimento da humanidade rumo à derrubada do capitalismo e libertação da humanidade de todas as formas de opressão e exploração.

Os preparativos do Comitê Internacional para transitar dos jornais impressos de suas seções nacionais para a internet começou em fevereiro de 1997. Naquela época, a internet estava em seus primórdios. Provavelmente, nenhum outro grande jornal impresso reconheceu o significado desse novo meio. Os maiores órgãos de imprensa capitalistas achavam que a internet não seria mais do que um complemento às suas publicações impressas. As organizações pequeno-burguesas radicais e da pseudoesquerda zombaram do novo meio ou sequer o notaram.

Porém, o Comitê Internacional, enraizado na escola do materialismo histórico, reconheceu o potencial e implicações políticas da internet para o desenvolvimento do movimento revolucionário da classe trabalhadora. O CIQI identificou dois aspectos cruciais da nova tecnologia de comunicação. Primeiro, o desenvolvimento da internet criaria e abriria ao movimento trotskista um novo e vasto público às ideias e políticas socialistas revolucionárias. Segundo, a nova tecnologia cruzaria fronteiras nacionais e internacionalizaria as comunicações. Ela estabeleceria oportunidades extraordinárias para coordenar e dirigir as lutas da classe trabalhadora internacional em escala global. O Comitê Internacional da Quarta Internacional reconheceu que a revolução nas comunicações proporcionaria um impulso físico de potencial inédito ao desenvolvimento da revolução socialista mundial.

Em sua declaração de fundação em fevereiro de 1998, o conselho editorial do WSWS escreveu:

Estamos confiantes de que o WSWS será uma ferramenta inédita para a educação política e unificação da classe trabalhadora internacionalmente. Ele irá auxiliar os trabalhadores de diferentes países a coordenar as suas lutas contra o capital, assim como as empresas globais articulam sua guerra contra os trabalhadores através das fronteiras nacionais. O WSWS irá facilitar a discussão entre trabalhadores de todos países, permitindo que comparem as suas experiências e elaborem uma estratégia comum. O CIQI espera um crescimento da audiência mundial do WSWS à medida que a internet se expandir. Como uma força de comunicação ágil e global, a internet possui extraordinárias implicações democráticas e revolucionárias. Ela permite que um público massivo ganhe acesso aos recursos intelectuais do mundo, de bibliotecas e arquivos a museus.

Até o momento, grupos de mídia e governos não conseguiram bloquear o acesso à internet, e o custo de publicação de material permanece relativamente baixo. A multiplicação de computadores domésticos, em escolas e locais de trabalho em amplos setores sociais abre a possibilidade de se comunicar de forma barata com dezenas de milhões de pessoas.

Uma nova geração, entrando agora na vida política, será educada em grande parte através da internet. Entre 80 e 100 milhões de pessoas já possuem acesso à internet, e se espera que o número cresça relativamente rápido nos próximos dois anos. Dada a importância dessa tecnologia para a vida econômica moderna, antecipamos que será cada vez mais difundida e simples de usar.

Essa previsão do conselho editorial do WSWS foi logo confirmada. Os 80 a 100 milhões de usuários da Internet em 1998, quando o WSWS foi lançado, rapidamente cresceram para bilhões de pessoas. Hoje, 25 anos após a criação do WSWS, os leitores podem se perguntar por que nenhuma outra organização que se dizia de esquerda reagiu de forma similar a esta tecnologia? A resposta não é que faltou a elas informação tecnológica. Eles não viram o potencial da internet para o desenvolvimento da luta de classes global porque esse não era seu interesse ou objetivo.

Porém, o CIQI estava focado como um laser nesse potencial revolucionário. Novamente, citando a declaração de fevereiro de 1998:

No século XV, a invenção da prensa móvel de Gutenberg teve papel crucial em romper o controle da Igreja sobre a vida intelectual, minando as instituições feudais, e fomentando o grande despertar cultural iniciado na Renascença, e que culminou no Iluminismo e na Revolução Francesa. Hoje também a internet pode facilitar uma renovação do pensamento revolucionário. O Comitê Internacional da Quarta Internacional pretende utilizar esta tecnologia como ferramenta de libertação da classe trabalhadora e dos oprimidos do mundo.

O WSWS faz hoje uso dos avanços revolucionários na comunicação global. Porém, a potência, persistência e sucesso do WSWS não deriva da tecnologia que utiliza, mas do método marxista, programa socialista, e perspectiva histórica em que se baseia.

Este ano marca não apenas os 25 anos de fundação do WSWS. É também o centenário da fundação da Oposição de Esquerda, em outubro de 1923, sob liderança de Leon Trotsky. Ela marca o início da luta contra o stalinismo, o programa nacionalista contrarrevolucionário da burocracia soviética, que cometeu as traições criminosas do socialismo levando a inúmeras derrotas da classe trabalhadora pelo mundo e, por fim, em 1991, à dissolução da União Soviética e restauração do capitalismo.

Os quadros trotskistas internacionais que fundaram o WSWS em 1998, embora relativamente reduzidos numericamente, eram os herdeiros do capital teórico e político acumulado pelo movimento trotskista nos 75 anos anteriores, da fundação da Oposição de Esquerda em 1923, da Quarta Internacional em 1938, do Comitê Internacional em 1953, e nas lutas posteriores contra todas as formas de revisão oportunista do marxismo e do trotskismo. Os camaradas que fundaram o WSWS e lutaram para construí-lo tiveram sua formação na história do movimento trotskista, e já dedicavam décadas de vida à construção da Quarta Internacional.

Entretanto, desde a fundação do WSWS há 25 anos, os esforços dessa geração foram somados por camaradas mais jovens de todo o mundo, muitos que tiveram o primeiro contato com o socialismo, marxismo e trotskismo ao pesquisar na internet e encontrar o WSWS. Esse mesmo caminho ao socialismo e processo de educação política será seguido por milhões de jovens trabalhadores e estudantes no futuro próximo.

Temos todo o direito de nos orgulhar e celebrar as conquistas do WSWS. Porém, não estamos apenas colhendo aplausos e dormindo sobre os louros. Estamos diante da maior crise histórica da humanidade. O estouro da guerra na Ucrânia é mais do que um alerta. Uma catástrofe de magnitude inédita, muito além dos horrores das duas guerras mundiais do século 20, está em marcha e ameaça a sobrevivência da civilização humana.

Não existe erro maior do que apostar a sobrevivência da humanidade na crença de que a razão prevalecerá entre os governos imperialistas e capitalistas, de que irão reverter suas ações, desescalar o conflito, e renunciar à busca por lucros e hegemonia geopolítica.

A indiferença das classes dominantes ao impacto de suas políticas na vida humana já foi provada por sua resposta à pandemia, resumida nas palavras do ex-primeiro ministro britânico, Boris Johnson, que disse: “Deixem os corpos se amontoarem”. E isso foi o que aconteceu. Cerca de 25 milhões de pessoas morreram por COVID-19 desde 2020, e os custos persistentes da pandemia em mortes e debilitação são quase completamente ignorados. E ainda hoje, testemunhamos os horrores ocorrendo na Turquia e Síria, outro “desastre natural”, ou chamado desastre “natural”, que resulta da indiferença, negligência, subordinação de tudo que importa aos humanos, à busca exclusiva de riqueza e poder pessoal.

Há apenas uma força que pode deter a escalada à catástrofe, seja sob a forma da guerra, mudança climática, ou um novo surto pandêmico ainda pior. Apenas uma força pode retomar o progresso da humanidade. É a classe trabalhadora internacional. Essa alternativa e curso necessário do desenvolvimento não é um sonho utópico. A sua emergência e potencial histórico, na realidade, são visíveis nas crescentes lutas globais da classe trabalhadora. As mesmas contradições socioeconômicas objetivas que levam as classes dominantes ao fascismo e à guerra impulsionam a classe trabalhadora global à revolução e ao socialismo.

Essa é a perspectiva que define e orienta o trabalho do World Socialist Web Site.

Convocamos todos os trabalhadores, leitores e apoiadores do WSWS a nos ajudarem a manter o trabalho do site.

É claro, precisamos de seu apoio financeiro. O crescente número de leitores do site, em meio à expansão global da luta de classes, exige cada vez mais do WSWS. Nossa equipe editorial precisa se ampliar para responder a desafios práticos e políticos. O WSWS deve reforçar sua equipe técnica e de programação para manter um site complexo, acessado por milhões de leitores.

Portanto, pedimos que faça a maior doação financeira possível ao WSWS. Para fazer uma contribuição, acesse: wsws.org/donate. Se possível, também faça um plano de doações mensais ao WSWS.

Também pedimos ajuda para expandir o público do site. Encaminhe os artigos do site para colegas de trabalho, de estudo e amigos. Incentive-os a virarem leitores regulares e contribuintes ao site. Acolhemos contribuições escritas dos leitores sobre fatos políticos, sociais e culturais, e, claro, relatos da luta de classes pelo mundo.

Acima de tudo, encorajamos a adesão à luta pelo socialismo. Neste centenário do trotskismo, entre em contato e filie-se ao Partido ou Grupo Socialista pela Igualdade, afiliado ao CIQI em seu país. Para se filiar ou se informar sobre como iniciar o trabalho para criar um Grupo Socialista pela Igualdade em sua região ou país, acesse: wsws.org/join.

O ano de 2023 será crítico. Não há tempo a perder na expansão da circulação e influência política do WSWS, a voz do Comitê Internacional da Quarta Internacional. Os milhões de leitores e apoiadores devem virar milhões de membros e lutadores ativos na luta global da classe trabalhadora pelo socialismo.

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