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Declaração do Brasil se opõe à censura da JEIIS na Universidade de Macquarie em Sydney

Publicado originalmente em 21 de julho de 2023

A Universidade de Macquarie em Sydney na Austrália está continuando a receber declarações de todo o mundo se opondo à sua recusa antidemocrática a se afiliar a um clube da Juventude e Estudantes Internacionais pela Igualdade Social (JEIIS).

O pretexto para a censura, de que a JEIIS e o clube Macquarie Socialists de pseudoesquerda compartilham o mesmo objetivo, foi exaustivamente exposto, mas a administração se recusa a reverter sua decisão, demonstrando que existe censura política.

Assine a petição para exigir que a JEIIS seja afiliada, e envie declarações para a administração com cópia para a JEIIS. Segue abaixo uma declaração da JEIIS no Brasil.

Carta da JEIIS no Brasil

A Juventude e Estudantes Internacionais pela Igualdade Social no Brasil, seção da organização de juventude do Comitê Internacional da Quarta Internacional, é resolutamente contra a rejeição da seção da JEIIS na Universidade de Macquarie pela sua administração.

Estudantes em protesto contra cortes no orçamento do governo Jair Bolsonaro afetando principalmente saúde e educação, Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 2022. [AP Photo/Bruna Prado]

Ao rejeitar a única organização no campus que fez uma campanha política em oposição à guerra imperialista dos EUA-OTAN na Ucrânia contra a Rússia, a administração do campus está defendendo os interesses mais agressivos do governo australiano.

A JEIIS na Austrália denunciou os planos de guerra imperialistas da classe dominante australiana, por um lado, e o reacionário movimento “anti-AUKUS” pelo outro, chamando por um movimento de massa da juventude voltado para a classe trabalhadora australiana e internacional. Por isso, ela se tornou uma ameaça aos interesses nacionais do Estado australiano e um alvo político da administração na universidade.

A administração deu como explicação para a sua rejeição da JEIIS, que cumpriu todos os requisitos necessários para solicitar adesão, a falsa afirmação de que já existia uma organização equivalente no campus, o clube Macquarie Socialists.

A administração da Macquarie vê na campanha da JEIIS um risco para as suas múltiplas conexões com o setor industrial militar, e se sentiu encorajada em meio à campanha militarista e armamentista do establishment australiano.

O primeiro ministro australiano do Partido Trabalhista, Anthony Albanese, que investiu centenas de bilhões de dólares para a compra de submarinos nucleares, está respondendo com completa indiferença à massive crise de moradia entre milhões de trabalhadores e jovens australianos, que estão tendo que pagar hipotecas ou alugueis mais caros em meio à queda nos salários reais após repetidos aumentos na taxa de juros.

Esperando uma massiva explosão social da classe trabalhadora, o parlamento australiano está levando adiante uma ofensiva contra os direitos democráticos básicos de toda a população australiana, com uma nova lei para as redes sociais colocando como potenciais alvos quaisquer declarações que possam ser denunciadas como 'desinformação', uma definição ampla que permite a supressão de opiniões contrárias ao governo.

As disputas parlamentares na Austrália tem sido resolvidas cada vez mais com base no chauvinismo antichinês pelas seções mais reacionárias no establishment para suprimir a oposição ao armamento militar e reunir apoio para uma guerra com a China.

Em seu esforço para suprimir a seção australiana, a administração pôde contar com o auxílio do clube Macquarie Socialists, que, em meio à campanha de censura, denunciou a JEIIS, expressando sua indiferença à defesa dos princípios democráticos mais elementares e sua hostilidade à uma luta de princípios pela construção de um movimento revolucionário contra a guerra e pelo socialismo.

Ao contrário do Macquarie Socialists, a seção da JEIIS na Macquarie luta pela construção de um movimento internacional de massa da juventude e dos estudantes contra a guerra imperialista dos EUA-OTAN na Ucrânia. Ela luta por uma perspectiva independente de todas as organizações que defendem o armamento da Ucrânia pelas potências imperialistas, por um lado, e aquelas que se submetem ao Estado nacional burguês russo, pelo outro.

A JEIIS também coloca a guerra na Ucrânia como o foco de um conflito global, em que o governo australiano está se colocando na linha de frente da campanha dos EUA de cercamento econômico e militar da China, participando em alianças militares como o AUKUS e o Quad.

Ataques contra os direitos democráticos como o que estão sendo aprovados no parlamento e contra a seção australiana da JEIIS na Macquarie são componentes inseparáveis do programa capitalista para suprimir qualquer oposição à guerra e forçar os trabalhadores a pagar pelo armamento militar, e serão inevitavelmente lançados contra toda a oposição política na classe trabalhadora e entre a juventude e estudantes. Elas criam um precedente para medidas semelhantes na Austrália e outros países.

Expressando a ausência de apoio à guerra imperialista na população, o Estado burguês está contando com violentos grupos nacionalistas ucranianos para suprimir a oposição, e uma série de eventos contra a guerra organizados pela JEIIS internacionalmente foram respondidos com esforços autoritários e ameaças de violência. No Canadá, o ministro do Trabalho de Ontário participou abertamente da campanha de intimidação, que incluiu ameaças contra os membros da JEIIS.

O artista e vocalista da banda Pink Floyd, Roger Waters, foi recentemente alvo de uma agressiva campanha de intimidação pela grande mídia alemã durante seu circuito de shows na Alemanha, falsamente acusado de promover antissemitismo com uma apresentação que na realidade denuncia o fascismo e que o cantor apresentou múltiplas vezes nos últimos 40 anos. No Brasil, o governo autointitulado 'democrático' de Lula da Silva do Partido dos Trabalhadores (PT) respondeu ao anúncio de que Waters faria shows no país com ameaças mal veladas de represálias, incluindo a sua prisão.

É crucial que os jovens e estudantes que estão procurando combater o assalto aos direitos sociais e democráticos se voltem para a classe trabalhadora internacional, a única força social capaz de pôr fim à guerra o sistema capitalista que a produz.

Os trabalhadores foram forçados a pagar pelos custos da política indiferente e baseada no lucro das elites dominantes desde a pandemia, e estão respondendo à crise social provocada pela guerra com uma série de greves e protestos internacionalmente, incluindo greves de ferroviários nos EUA no ano passado, que foram suprimidos com os esforços da administração Biden e do congresso americano, e protestos massivos recentemente na França contra a política de austeridade e fortalecimento do aparato policial de Macron.

Em cada luta dos trabalhadores contra as políticas dos governos capitalistas, a JEIIS acompanhou o chamado do WSWS pela formação de comitês de base, que são organizações criadas pelos próprios trabalhadores para levar adiante uma luta unificada internacionalmente e em todos os setores contra os cortes nas condições de vida e direitos democráticos e a guerra imperialista.

A campanha contra os direitos democráticos na Universidade de Macquarie e na sociedade australiana deve ser respondida com uma denúncia por todos os jovens e estudantes que veem no episódio no campus australiano um ataque contra direitos fundamentais, e com a demanda pela aceitação imediata e plena da JEIIS como clube no campus da Macquarie.

Eduardo Parati,

JEIIS

Nós chamamos todos os leitores para que apoiem a luta em defesa da JEIIS na Universidade de Macquarie. Envie uma carta de protesto contra a rejeição da afiliação da JEIIS para o departamento responsável da administração em studentgroups@mq.edu.au com cópia para iysse.macquarie@gmail.com.

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