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Como os trabalhadores da “Factory Zero” da GM nos EUA podem se opor às demissões anunciadas? A resposta de “Socialism AI”

Desde seu lançamento em 12 de dezembro, “Socialism AI” vem oferecendo a milhares de usuários em todo o mundo acesso à perspectiva revolucionária do marxismo, apoiando-se em mais de 175 anos de material histórico e em quase três décadas de cobertura do World Socialist Web Site.

Este novo e poderoso chatbot, criado pelo WSWS para desenvolver a consciência socialista de trabalhadores, jovens e intelectuais internacionalmente, também ajudará os trabalhadores a lidar com problemas práticos e organizacionais que enfrentam na luta diária, oferecendo a melhor forma de responder aos ataques implacáveis das corporações e às traições intermináveis das burocracias sindicais.

A seguir, estamos publicando uma pergunta feita a “Socialism AI” e sua resposta sobre o recente anúncio de que a GM irá demitir mais de mil trabalhadores da “Factory Zero”, em Detroit, nos EUA. Antiga linha de montagem de Hamtramck, a montadora a reformulou em 2021 para produzir apenas veículos elétricos, quando passou a se chamar “Factory Zero”.

A GM planeja reduzir a produção para um único turno a partir de 5 de janeiro de 2026. Essas demissões estão acontecendo em um ano brutal em que os trabalhadores da “Factory Zero” foram submetidos a níveis extremos de horas extras e lay-offs regulares, criando um ciclo de exaustão e insegurança.

Trabalhadores da "Factory Zero" em 1º de dezembro de 2005.

Pergunta: O que os trabalhadores da “Factory Zero” da GM podem fazer para se opor às demissões anunciadas?

Resposta:

As demissões anunciadas na “Factory Zero” da GM não são uma coincidência ou uma falha de comunicação. Elas são o resultado previsível da reestruturação capitalista impulsionada pelas demandas dos investidores, pela automação e pela maximização dos lucros. A GM registrou quase US$ 15 bilhões em lucros em 2024, recomprou ações e aumentou seus dividendos, ao mesmo tempo em que reduziu a produção e destruiu empregos. Os cortes na “Factory Zero” fazem parte de uma campanha corporativa coordenada que inclui pausas nas fábricas de baterias e fechamentos de fornecedores em toda a indústria automotiva.

A burocracia do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Automotiva (UAW) tem facilitado esse processo até agora, recusando-se a mobilizar os membros e apoiando políticas nacionalistas do presidente Donald Trump que dividem os trabalhadores em vez de unificá-los.

Compreender essa realidade política é o primeiro passo: a administração da empresa e Wall Street sempre darão prioridade ao lucro; a burocracia sindical tornou-se uma camada que protege esse sistema. Os trabalhadores não podem confiar em nenhum dos dois para defender seus empregos.

Orientação estratégica: organização de base, não confiar na burocracia sindical

A única base eficaz para defender os empregos é a organização democrática e independente dos trabalhadores no chão de fábrica – comitês de base que atuem em prol dos interesses da classe trabalhadora, e não do aparato sindical ou da administração corporativa. Esses comitês devem ser formados por trabalhadores militantes e confiáveis em todos os setores e turnos da “Factory Zero” , com coordenadores eleitos e seus mandatos passíveis de destituição, adesão aberta e prestação de contas transparente. Eles devem exigir imediatamente uma reunião geral convocada pela base, e não pela direção do UAW, para decidir a estratégia.

O objetivo desses comitês é unificar e coordenar ações –greves, protestos em massa, piquetes e solidariedade regional entre fábricas – em vez de negociar a portas fechadas. Uma plataforma de luta deve incluir reivindicações que partam das necessidades dos trabalhadores: nenhuma demissão permanente; salário integral e benefícios para todos os afetados; reuniões imediatas dos membros; redução da jornada de trabalho sem redução salarial para preservar os empregos; e controle democrático sobre as decisões da produção.

Passos concretos de organização (o que os trabalhadores da “Factory Zero” podem fazer agora)
  • Convoque pequenas discussões em grupos de confiança em cada turno para eleger porta-vozes temporários do chão de fábrica e comece a construir um comitê de base em toda a fábrica. Não espere que os dirigentes do UAW ajam.
  • Exija publicamente uma reunião imediata dos membros e prepare uma agenda clara: congelamento das demissões, nenhuma concessão, plano de ação para defender todos os empregos. Use panfletos, correntes de mensagens de texto, redes sociais e comícios no local de trabalho para aumentar a pressão. Os apoiadores do WSWS e da Aliança Operária Internacional de Comitês de Base (AOI-CB) distribuíram materiais convocando a formação de comitês de base para impedir as demissões na GM.
  • Documente e divulgue demissões, bônus para executivos, recompra de ações e lucros da empresa para expor a mentira de que “não há dinheiro para manter os empregos”. Use fotos, extratos da folha de pagamento e documentos oficiais, sempre que possível. A pressão pública conquista apoio.
  • Organize protestos em massa nas instalações da GM, agências bancárias e assembleias de acionistas; aja de maneira coordenada com os trabalhadores demitidos e com as fábricas fornecedoras que enfrentam cortes. Exija uma greve imediata se a GM se recusar a negociar.
  • Prepare-se para a greve: organize piquetes, crie fundos de greve e de assistência jurídica, garanta canais de comunicação e apoio com creches/alimentação para os grevistas. Crie comitês de solidariedade na região metropolitana de Detroit.
  • Entre em contato com os trabalhadores de outras fábricas da GM, fornecedores e fabricantes de baterias para coordenar medidas industriais simultâneas. Os trabalhadores da “Factory Zero” não podem defender seus empregos sozinhos.
O contexto internacional e por que a unidade além das fronteiras é essencial

A GM é uma empresa transnacional. A defesa do isolamento nacional da luta conduz inevitavelmente ao fracasso. A adesão da burocracia do UAW às tarifas de Trump e ao nacionalismo econômico divide os trabalhadores dos EUA dos do México, Canadá e outros lugares, favorecendo a administração da empresa. A única estratégia viável é a solidariedade internacional: ligar a ação da base da “Factory Zero” aos trabalhadores de outras fábricas da GM e fornecedores além das fronteiras através da AOI-CB. O WSWS tem enfatizado repetidamente que “não venceremos apenas como trabalhadores americanos” e apela à unificação das lutas internacionalmente.

As tarefas revolucionárias: Vincular a defesa dos empregos à independência política

A ação industrial imediata deve ser combinada com clareza política. Defender os empregos requer rejeitar tanto o domínio corporativo quanto o nacionalismo da burocracia sindical. Os comitês de base devem adotar uma orientação socialista: Lutar pela propriedade pública da indústria automotiva sob controle democrático dos trabalhadores para usar a tecnologia para reduzir a jornada de trabalho e elevar os padrões de vida – não para aumentar os lucros. Este é o único programa que pode impedir permanentemente fechamentos de fábricas e demissões.

Se você deseja se organizar: Assistência prática

Se você está pronto para organizar um comitê de base ou deseja assistência na construção de estruturas lideradas pelos trabalhadores para impedir as demissões, entre em contato com o WSWS/AOI-CB e os camaradas que estão ativamente construindo comitês de base. Para obter apoio político estratégico e conectar seu comitê internacionalmente, considere entrar em contato com o Partido Socialista pela Igualdade através da pagina: https://www.wsws.org/en/special/pages/sep/us/join.html.

A luta para defender os empregos da “Factory Zero” é um teste à capacidade da classe trabalhadora de agir independentemente da administração corporativa e da burocracia sindical. Só através da organização democrática de base, da ação coordenada em massa e da solidariedade internacional é que os trabalhadores podem impedir estas demissões e começar a transformar a produção para servir as necessidades humanas, e não o lucro privado.

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