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Will Lehman é nomeado para concorrer à presidência do UAW

Publicado originalmente em 27 de julho de 2022

O WSWS está apoiando a campanha de Will Lehman para presidente do UAW. Para mais informações, acesse: WillforUAWpresident.org.

Will Lehman, um trabalhador socialista da Mack Trucks, foi nomeado para concorrer à presidência do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Automotiva (UAW) dos EUA na eleição que será realizada em outubro e novembro deste ano.

Lehman foi nomeado por dois delegados na 38ª Convenção Constitucional do UAW, em Detroit, na tarde de quarta-feira. Ele aceitou a nomeação e concorrerá contra o atual presidente do sindicato, Ray Curry, e outros candidatos na primeira eleição direta do UAW em mais de 70 anos.

Will Lehman conversa com delegados da convenção do UAW em 26 de julho de 2022 (Crédito: WSWS)

A nomeação é uma enorme conquista para os trabalhadores da indústria automotiva e outros trabalhadores nos EUA e internacionalmente. Will Lehman está lutando para desenvolver um poderoso movimento de base para quebrar o aparato burocrático no UAW, que tem supervisionado décadas de traições e derrotas. Sua campanha para construir comitês de base em fábricas e locais de trabalho, e para unir os trabalhadores internacionalmente contra as corporações globais, está sendo acompanhada por um número crescente de trabalhadores.

Dois delegados na convenção nomearam o Lehman apesar da considerável intimidação da burocracia do UAW, que tentou mantê-lo fora das urnas.

O primeiro a nomear Lehman foi um antigo operário de uma fábrica de Detroit. “Eu defendo a nomeação de Will Lehman, da Área 677 do UAW, como presidente do UAW”, disse ele.

Ele usou o resto de seus cinco minutos de fala para criticar os “ladrões” da burocracia do UAW, dizendo que os membros do atual Conselho Executivo Internacional (CEI) do UAW “encobriram seus delitos”. Quando o vice-presidente do UAW, Terry Dittes, e muitos delegados no auditório tentaram interrompê-lo, o trabalhador se manteve firme e declarou que qualquer membro do CEI que oferecesse uma cobertura à corrupção do UAW deveria “encontrar uma carreira diferente”.

Alguns minutos depois, outro delegado de Chicago foi ao microfone e disse: “Eu quero nomear Will Lehman para presidente. Ele quer colocar o poder de volta em nossas mãos. Ele quer que tomemos as decisões sobre nosso sindicato: o que fazemos, como fazemos. Isso é tudo o que ele quer fazer. Burocracia, ele não quer isso. Ele quer que tomemos as decisões sobre os benefícios, sobre o nosso trabalho, internacionalmente, com outros sindicatos, respeitosamente, igualmente, juntos.”

Durante décadas, os presidentes do UAW e outros altos dirigentes do sindicato foram escolhidos a dedo pela burocracia e pela Mesa Administrativa do UAW, e eleitos em convenções constitucionais controladas por seus leiais seguidores.

Esse sistema foi alterado apenas devido à exposição da corrupção generalizada no UAW, que levou à prisão de uma dúzia de dirigentes sindicais, incluindo dois presidentes nacionais, e ao estabelecimento de um monitor designado pela justiça que organizou um referendo sobre eleições diretas. Ray Curry e o Comitê Executivo Internacional se opuseram firmemente à mudança para as eleições diretas, sendo derrotados por quase 64%.

Apesar disso, a burocracia do UAW esperava restringir a lista de candidatos presidenciais ao atual presidente Ray Curry e, no máximo, a alguns poucos fiéis oposicionistas, incluindo Shawn Fain, um representante do departamento internacional na sede do UAW, a Casa da Solidariedade, que é apoiado pelo grupo Unir Todos os Trabalhadores pela Democracia (UAWD), ligado aos Socialistas Democráticos da América (DSA).

Fain foi nomeado quarta-feira junto com Mark “Gibby” Gibson, presidente da Área 163 do UAW, que recentemente traiu a luta dos trabalhadores da fábrica de motores Detroit Diesel. Também foi nomeado Brian Keller, um trabalhador da Stellantis em Warren, Michigan, ligado à página do Facebook “UAW Real Talk”.

No dia anterior à nomeação, Lehman e seus apoiadores conversaram com centenas de trabalhadores na linha de montagem de caminhões da Stellantis (Chrysler) em Warren. Os trabalhadores cumprimentaram calorosamente Lehman durante a mudança de turno da tarde e muitos exigiram que os delegados na convenção o nomeassem para que tivessem uma alternativa real na eleição.

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Lehman é o único candidato que está lutando pela abolição do aparato do UAW controlado pela empresa e pelo estabelecimento do poder dos trabalhadores do chão de fábrica através da formação de comitês democráticos de base em fábricas e outros locais de trabalho e da mobilização de todos os trabalhadores para lutar por aumentos salariais maciços e reajustados pela crescente inflação, o fim de todas as faixas salariais entre os trabalhadores que realizam o mesmo serviço, a transferência imediata dos trabalhadores com jornada parcial de trabalho para jornada completa, e pagamento pela empresa de assistência médica e pensões a todos os trabalhadores.

Após ser nomeado, Lehman falou com o WSWS sobre o programa que ele oferecerá aos trabalhadores nos EUA e internacionalmente. “Eu lutarei para que os trabalhadores acabem com a burocracia no UAW, que age como uma camada parasitária sobre nós e bloqueia nossas lutas ou as leva a um beco sem saída.

“Eu irei avançar a luta pela construção da Aliança Operária Internacional de Comitês de Base (AOI-CB) para que os trabalhadores possam expandir nossas lutas, conectá-las e lutar de tal forma que possa haver ganhos reais para os trabalhadores, e não perdas isoladas. Quero que os trabalhadores votem em mim, mas estas mudanças só serão possíveis se os trabalhadores reconhecerem a situação que estamos vivendo e o que precisamos fazer para sair dela. Precisamos construir comitês de base em todas as fábricas e locais de trabalho, se comunicar uns com os outros e construir uma solidariedade real, não a solidariedade que os burocratas do UAW pregam enquanto nos traem. Tem que ser de operário para operário, de chão de fábrica para chão de fábrica, e solidariedade de um país após o outro.

“Não podemos atuar segundo os interesses nacionais em mente, mas com os interesses de classe. Ray Curry trabalha com o governo Biden e outros democratas, mas nenhum dos partidos, Democrata ou Republicano, representam a classe trabalhadora. Precisamos nos representar a nós mesmos e construir comitês de base.”

Dirigindo-se aos difíceis desafios enfrentados pela classe trabalhadora, Lehman continuou: “Os trabalhadores não estão apenas lutando contra as empresas, mas também contra a burocracia. O UAW não tem a intenção de combater a inflação, que agora é superior a 9%. Eles estão nos dizendo para esperar anos para negociar novos contratos enquanto estamos sofrendo enormes cortes nos salários reais e as empresas ignoram rotineiramente os contratos de qualquer maneira.

“Há uma iminente guerra mundial com as tensões na Ucrânia e em Taiwan, e o UAW quer nos amarrar atrás da escalada militar imprudente de Biden. Há uma pandemia em curso que o governo e a mídia querem que ignoremos, porque nos querem nas fábricas produzindo lucros.

“Agora há demissões feitas pela Ford, Stellantis e GM e a ameaça de uma recessão econômica. O UAW é indiferente às demissões e não tem a intenção de combatê-las. Ao invés disso, planeja oferecer salários mais baixos para supostamente ‘salvar empregos’. Mas todas as promessas de segurança no trabalho feitas pelo UAW nunca significaram nada. Isso é verdade em todos os lugares. A Ford está fechando fábricas em Chennai, na Índia, e Saarlouis, na Alemanha, e os sindicatos simplesmente aceitam isso.

“O sistema capitalista não se preocupa com empregos, mas apenas em maximizar os lucros e extrair o máximo que puder de cada trabalhador. Os sindicatos apoiam o capitalismo. Mas por que trabalhar sob um sistema que protege os direitos da empresa e não os direitos dos trabalhadores? Nós, os trabalhadores, mantemos a sociedade em movimento e somos nós que podemos determinar em que tipo de sociedade queremos viver. A ideia mais perigosa para os trabalhadores é acreditar que o que é sempre será. Se este sistema capitalista não está funcionando, então precisamos mudar o sistema.”

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