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Capitalismo reconhece leais servos em representante da “Maré Rosa” Lula e fascista Milei ao anunciar investimentos automotivos na Argentina e Brasil

Publicado originalmente em 22 de março de 2024

Os anúncios de investimentos bilionários das grandes corporações automotivas nos últimos meses no Brasil mostraram que o governo da “Maré Rosa” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva do Partido dos Trabalhadores (PT) e no seu aparato sindical são defensores confiáveis dos interesses da classe dominante regional e do capital internacional.

CEO da Stellantis Carlos Tavares em reunião com presidente Luiz Inácio Lula da Silva [Photo: Ricardo Stuckert/PR]

No dia 6 em Brasília, o CEO da Stellantis Carlos Tavares comemorou ao lado de Lula ao oficializar US$6 bilhões em investimentos no país.

Emanuele Capellano, chefe de operações para a América Latina, aproveitou a ocasião para anunciar o primeiro investimento significativo da companhia na Argentina sob o governo de “terapia de choque” do fascistoide Javier Milei.

Capellano declarou: “Hoje celebramos um dia importante para a Stellantis no Brasil, mas isso não significa que não tenhamos planos para a Argentina, onde somos líderes de mercado e temos duas fábricas importantes”.

Os anúncios da Stellantis foram feitos três meses após o presidente argentino anunciar e pressionar por um mega pacote de cortes de subsídios em programas sociais, a derrubada pró-corporativa de centenas de regulações, a limitação do direito de greve e o fim do controle de preços mesmo diante da contínua alta nos preços de bens de consumo básicos.

Durante as eleições, Milei denunciou repetidamente toda oposição a ele como a opinião de “comunistas”. Dentro do governo, Milei declarou no final de janeiro que o presidente colombiano da Maré Rosa, Gustavo Petro, era um “comunista assassino”. O presidente argentino respondeu aos protestos massivos desde a sua eleição dobrando suas ameaças de violenta repressão e empregando a polícia de choque.

Embora algumas das medidas tenham sido atrasadas pelo poder legislativo, Milei terá os próximos meses e anos para aprofundar o amplo assalto contra os todos os ganhos sociais da classe trabalhadora argentina.

Apesar das diferenças entre os dois tipos políticos representados por Lula e Milei, ambos estão comprometidos com a defesa da ordem social capitalista na América Latina.

No último ano, ainda mais agressivamente do que nos seus últimos dois mandatos, Lula jurou implementar cortes massivos nos setores sociais ao mesmo tempo em que milhares de empregos foram cortados e os padrões de vida da classe trabalhadora reduzidos com o auxílio do aparato sindical cada vez mais integrado ao governo. Na indústria automotiva, isso resultou em uma redução ainda maior da força de trabalho total.

Tais medidas são vistas pelo capital internacional e pela burguesia brasileira com a expectativa de lucros massivos, refletida no índice de confiança empresarial (ICE) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, que se baseia em 49 segmentos da economia do Brasil. Embora tenha ocorrido um recuo de 0,7 do ICE no mês de fevereiro, ele acumulou um aumento de 4,5 pontos nos nove meses anteriores.

Os investimentos das montadoras estão sendo acoplados à compra da participação em projetos de mineração de lítio, cobre e outros minerais decisivos. No Brasil, a chinesa BYD esteve em disputa nos últimos meses com a alemã Volkswagen pela compra da mineradora Sigma Lithium no Vale do Jequitinhonha no estado brasileiro de Minas Gerais. O local é um depósito estimado em dezenas de milhões de toneladas de minério de lítio. Em outubro, a Stellantis concluiu um acordo de US$90 milhões com a Argentina Lithium & Energy Group (ALE), em que a montadora irá comprar até 15 mil toneladas de lítio anuais pelos próximos sete anos.

Esses acordos comerciais e investimentos são parte das disputas cada vez mais acirradas por mercados, matérias-primas e vantagens geopolíticas entre as potências imperialistas e tendo como alvo imediatamente seus competidores econômicos, mais decisivamente a China.

Em meio ao rápido desenvolvimento de uma nova guerra imperialista global, os apelos de figuras como Lula e outros representantes da “Maré Rosa” por uma nova “ordem multipolar” estão cada vez mais sendo expostos como vazios. A ideia de que o imperialismo dos EUA e da OTAN pode ser pressionado a aceitar pacificamente o desafio aos seus interesses regionais na América Latina, ou mesmo mesmo de que contínuos investimentos pela China poderiam garantir o desenvolvimento capitalista na região, contraria completamente a realidade.

No contexto de uma crise cada vez mais aguda do capitalismo global, os interesses de classe da burguesia latino-americana podem ser buscados somente através da brutal repressão policial e, em última instância, satisfazendo as necessidades industriais e econômicas do imperialismo em uma terceira guerra mundial.

De fato, todas as ações tomadas por Lula desde a sua própria eleição não vão contra, mas na direção dos preparativos de um governo de Estado policial no Brasil, que será empregado com a mesma agressividade de Milei. Lula tem respondido às múltiplas evidências confirmando a participação de generais no planejamento, preparo e execução da tentativa de golpe de 8 de janeiro com a ampliação dos investimentos nas Forças Armadas

Recentemente, Lula cancelou notoriamente um evento programado para marcar 60 anos do golpe militar de 31 de março 1964 apoiado pela CIA no Brasil para agradar os militares. Essa harmoniosa relação sendo cultivada pelo PT pode apenas ser cultivada suprimindo os trabalhadores e a juventude.

Qualquer mobilização da classe trabalhadora latino-americana que ameace os lucros corporativos será confrontada com brutal violência seja pelas frações da burguesia fascistoides ou as chamadas “democráticas”. O fato de que as corporações transnacionais enxergam as políticas do fascistoide Milei e de Lula como apenas dois métodos para a garantia dos seus interesses mostra que não existe qualquer alternativa real para a classe trabalhadora latino-americana dentro do sistema político capitalista.

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